Eu sabia tudo. Aliás, eu sei tudo.
Tenho perfeita noção de quais foram os momentos em que este amor foi comum. Sei-os de cor! E podia deitar-me aqui, até morrer, a revive-los, se é que tal acção é possível.
Mas talvez por ainda te amar, ou mesmo por razão nenhuma, não o faço. Continuo falsamente calma, só a sentir esta dor de respirar-te.
A parte de mim que amava uma imagem perfeita de ti morreu, e é apenas isso que eu choro. Não a tua falta, mas a saudade de te amar... A certeza de que momentos como alguns dos que guardo não voltarão a acontecer, porque essa parte de mim já não existe.
As dúvidas e o medo já não têm unhas cravadas no meu peito. Na verdade, no peito já não tenho nada...
Realmente já não sei nada de ti nem do carinho de estarmos tão juntos. Continuo a querer-te, mas não da maneira possante de há uns dias.
A tua missão não era de amar-me com unhas e dentes, mas apenas com a alma. A tua missão era só mostrar-me que não sou a única a olhar o céu, nem a contemplar-te... Foi cumprida.
Há três, quatro dias que vagueio na ideia de procurar-te.
Se tinha uma certeza neste mundo é de que a promessa que fizeste era vã, e confirma-se. E é esse teu escárnio a ruína da paupérrima utopia que criei contigo, é esse maldizer escusado que me embala e me afoga, é esta infundada esperança que me enrola e faz o mundo girar ou não girar.
E se nunca me tinham faltado as palavras antes, e a arte de te falar me regia, hoje já nada tenho senão um imenso buraco para te mostrar.
Vagueio portanto em ti e na tua ausência... Se é estranho? É. Arrepia.