Quando era pequena queria casar-me contigo, eras uma espécie de heroi para mim... Dava-te a mão e picava-me na tua barba rija ao encostar-me a ti, adormecia na tua cama à espera que me levasses ao colo para a minha, sorria-te o tempo todo e arranjava mil e uma macacadas para te chamar a atenção. Podia passar dias a gabar-me de ti!
Mas fui obrigada a separar-me de ti por razões de força maior e com o tempo foste perdendo as forças... Até que no dia do teu casamento o elo que nos unia se separou por completo. Abris-te mão de mim...
Passei a ver-te duas vezes por mês e de cada vez que te via, aos meu olhos, a nossa relação deteriorava-se porque tu pioravas.
Hoje ganhaste por fim todo o meu desprezo. Parabéns, há muito que tentavas!
Tentei sempre proteger as boas memórias que tinha de ti, mas já que fazes questão de destruí-las uma por uma, uma por uma também vou libertar-me das correntes que colocaste à nossa volta para me afundar contigo.
E quando acabar dar-te-ei um grito para reanimar esse coração que há muito deixou de bater. Não para que me voltes a amar, mas para que sofras a perda dos teus filhos!
Apercebe-te, de uma vez por todas, que já não somos família e que o meu amor não é incondicional! Não podes obrigar-me a amar-te e por isso a nossa história termina aqui.
Libertei-me de ti e do sentimento vazio que me impunhas, ACABOU!
Como foste capaz de me deixar sozinha contra o mundo? Tantas vezes me falhaste, me viraste as costas, me deixaste para trás... Tantas vezes me fizeste chorar...
Como foi que te transformaste tanto e em tão pouco? Sim, hoje não vales nada e devias ter vergonha disso.
Mas agora é tarde... Já não és pai!